Foto: Divulgação / Polícia Civil
A Polícia Civil juntamente com o Ministério Público receberam a imprensa no final da manhã dessa sexta-feira (07) para esclarecer os detalhes da prisão e do processo dos envolvidos no caso do assassinato da estudante Maria Luíza Fernandes Bezerra, de 15 anos, ocorrido em abril de 2009, no bairro de Cidade da Esperança. A Denúncia contra os indiciados Thiago Felipe Rodrigues Pereira, Thiago Cabeção, 26, e Kleisson de Souza Freitas da Silva, Negão, 32, foi recebida nesta quinta-feira (06) pelo Juiz da 3ª Vara Criminal de Natal.
A Operação “Fighter” (lutador em inglês) deflagrada pela Delegacia Especializada de Homicídios (DEHOM) sob o comando do delegado Laerte Jardim, com a participação do Ministério Público, com o objetivo de investigar o crime foi iniciada em outubro de 2011 e finalizada nesse mês de dezembro com a elucidação e todos os detalhes que culminaram com a morte de Maria Luiza. O nome da operação foi dado em homenagem à Maria Luiza, cujo segundo nome significa lutadora, e os laudos periciais apontaram que a vítima lutou desde o início contra os criminosos, tendo perdido inclusive parte das unhas.
As denúncias enviadas ao MP apontam que Thiago Pereira costumava assediar a vítima no intuito de ter relações sexuais com ela. “As investigações mostram que desde o início a motivação do crime teve o enfoque sexual, ou seja, os acusados nutriam um desejo não correspondido pela vítima”, frisou o delegado Laerte Jardim ressaltando o apoio do MP que ajudou nas investigações.
Mas diante das constantes recusas de Maria Luiza ele, juntamente com seu comparsa, a seqüestraram, estupraram e assassinaram. “Os depoimentos testemunhais, provas documentais e o vasto material pericial foi decisivo para a conclusão desse caso”, revelou o Promotor de Justiça, Jovino Pereira, que acompanhou e participou das investigações. Mais de cem pessoas foram ouvidas durante o processo investigativo.
De acordo com as investigações feitas pela Polícia Civil, na noite de 21 de abril de 2009, por volta das 19h30, a estudante foi raptada pelos acusados quando trafegava na Av. Capitão Mor Gouveia, bairro Bom Pastor, e depois levada, num veículo GOL, cor branca, para a casa de Kleisson Silva, no conjunto Jardim América, local onde foram praticados os abusos sexuais, agressões e o homicídio. Em seguida, eles transportaram o corpo da adolescente até um lixão, onde a enterraram após vilipendiar o cadáver. Vestígios de sangue foram inclusive encontrados na casa do acusado, conforme laudos periciais.
Insatisfeitos com a reação da vítima, que também estava menstruada naquele momento, os denunciados a mataram por esganadura com uso das mãos e vestes que retiraram da adolescente. Na mesma noite, os denunciados transportaram o cadáver de Maria Luiza até um lixão num morro situado na rua da Fé, conjunto Jardim América, onde o vilipendiaram (introduzindo galho na vagina que perfurou o útero e as alças intestinais) e ocultaram.
Segundo o delegado Laerte Jardim, os suspeitos chegaram a coagir testemunhas durante o processo. “Temos informações de que houve ameaça às testemunhas e que inclusive eles chegaram a obrigá-las a mentir em seus depoimentos”, acrescentou. Kleisson chegou a se evadir do estado logo após o crime, indo morar na Paraíba e depois no Ceará.
Os assassinos foram indiciados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado, roubo qualificado, estupro, vilipendio de cadáver e ocultação de cadáver. Caso sejam condenados às penas máximas eles poderão ser sentenciados a mais de 60 anos de prisão.
Os dois acusados se encontram custodiados na Cadeia Pública de Nova Cruz, onde já respondem por outros crimes. Thiago Felipe responde a processos por homicídio, porte de munição e posse de drogas, enquanto Kleisson já responde por furto e crime de violência doméstica. A Polícia Civil e o MP apontam ainda a participação de pelo menos outras duas pessoas no crime, mas os detalhes não foram divulgados para não atrapalhar as investigações.
Relembre o caso
A adolescente Maria Luíza Fernandes Bezerra, de 15 anos, havia saído de casa para ir a uma lan house no dia 21 de abril de 2009 e depois desapareceu. Ela foi encontrada morta no dia 27 de abril de 2009 num lixão localizado nas proximidades do bairro de Cidade da Esperança, Zona Oeste de Natal. Maria Luíza tinha o corpo despido, com sinais de violência sexual, estrangulamento e ainda teve um galho de 40 cm introduzido na região genital. O caso ganhou repercussão na imprensa potiguar devido aos requintes de crueldade com que foi praticado.
Thiago Felipe Rodrigues Pereira, de 25 anos, conhecido como "Thiago Cabeção", foi apontado como suspeito de ter praticado o crime. Ele chegou a ser preso em maio daquele ano, juntamente com outro suspeito, mas após 90 dias, teve a prisão relaxada por falta de provas. No último dia 21 de agosto desse ano, a Polícia Civil cumpriu mandado de prisão contra Thiago Felipe por suspeita do homicídio de Francinildo Cordeiro dos Santos.
As investigações do caso foram iniciadas pela delegada Adriana Shirley, da Delegacia Especializa na Defesa da Criança e do Adolescente (DCA) e, em 2011, o inquérito foi repassado para a Delegacia Especializada em Homicídios (DEHOM), sendo presidido pelo delegado Laerte Jardim.
*Fonte: Assessoria / Degepol via Portal BO