O melão mossoroense conseguiu o que o presidente do Comitê Executivo de Fitossanidade (Coex), Segundo de Paula, chamou de “marco fundamental da fruticultura”, e não só da potiguar, mas da brasileira: a oficialização da Indicação Geográfica (IG) da fruta, que vai criar o selo “Melão de Mossoró” e que atesta a qualidade do produto em âmbito internacional. Além do Coex, trabalharam para viabilizar o projeto o Sebrae e o Governo do Estado. A oficialização da IG para a fruta potiguar ocorreu ontem (28) no Rio de Janeiro. ”A expressão ‘Melão de Mossoró’ vai ser reconhecida no mundo inteiro. Esse selo é exclusivo e se torna uma referência. Por trás dele, há toda uma história que dá sustentação à garantia de qualidade do produto. É o que acontece, por exemplo, com a champagne da França e a laranja da Espanha”, compara o presidente do Coex. A fruticultura local, conta ele, vê no selo a concretização de uma luta que já durava quatro anos. “É a realização de um sonho, porque muitas vezes o produto tem qualidade e não tem referência”. A empolgação é justificável. De acordo com o livro “Valorização de Produtos com Diferenças de Qualidade e Identidade”, publicado em 2009 e editado pelo Sebrae, a IG protege economias e produtos regionais que, sem identificação específica, sofrem a concorrência de artigos semelhantes, vendidos como o mesmo nome, mas com outras origens e outros processos.Junto a essa situação, o melão mossoroense enfrenta um período difícil, pois seu principal comprador, a Europa, passa por grave crise econômica e anda sem previsão de melhora.A IG também pode melhorar o preço da fruta – visto que a valoriza – e dar novo fôlego ao mercado local, que, conforme Segundo de Paula, está com os valores congelados desde 2007. “Nós temos amargado preços muito baixos na Europa e há uma preocupação porque sabemos que lá a crise está muito forte e vem se agravando.Para se ter ideia, o nosso preço está o mesmo desde o final de 2007, e sobe frete, sobe mão de obra, sobe insumos, sobe tudo. Por isso, essa (oficialização da IG) é uma alternativa para se galgar mais espaço financeiro”, explica.
Fruticultura mossoroense quer atrair novos mercados e diversificar culturas
Ao processo de reconhecimento da IG do melão de Mossoró, a fruticultura mossoroense luta por seu crescimento com um objetivo claro: a diversificação. Isso abrange tanto a busca por novos mercados quanto o teste de novas culturas no Rio Grande do Norte.No exterior, Mossoró quer conquistar o mercado norte-americano e, no interior, luta, junto com Ceará, Bahia e Pernambuco, barrar a concorrência pesada que atualmente exercem os produtos do Chile e da China.”Nós vamos também abrir o mercado lá fora, como nos Estados Unidos. Sabemos que não é rápido, mas é importante buscar alternativas, não ficar só com o mercado europeu. Também há um projeto de valorização da fruta no mercado interno.É uma proposta de valorização de marketing de promover as frutas brasileiras dentro do próprio país”, adianta Segundo de Paula. Ele diz ainda que todas essas propostas têm o apoio do Ministério da Agricultura.Além disso, os produtores mossoroenses querem agregar outros produtos à marca do melão, uma incontestável referência local. Estão atualmente em testes a produção de uma cachaça a partir do melão e as culturas de maçã e pêra. “Junto ao Sebrae, estamos elaborando também um projeto chamado ‘Alternativas para a fruticultura’. Estamos trabalhando a cachaça do melão, que já é uma realidade e está em fase bem avançada, e buscamos também a diversificação de culturas, como a produção de maçã e pêra, que está em fase de testes tanto na região de Mossoró como na de Natal“, completa.Nomnuito
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